Somos todos piratas de Jaguaribe (ooops!!! do Caribe!). Entre ordem e a desordem, optamos por destruir binarismos. Se bem que a ordem dos piratas é fundada em moedas, ou melhor, na falta delas. E é bom lembrar uma nação é fundada em cima de uma única e viciada moeda: a linguagem-território. Somos piratas e a nossa pátria (se é que ela existe) é o mar. O mar com suas delícias e cromatismos, simbolismos etc. Mas também o mar com seus monstros bem humanos: o homem-polvo, o homem-tubarão entre outros membros do bestiário pós-nacional. Embarquemos no Pérola Negra e em todas as suas simbologias. Calipso e todas as suas selvagens forças incontroláveis, que nos assustam e seduzem. Netuno retraduzido em fêmea. Entre um naufrágio e outro, a busca do eterno porto. O baú da morte e da eternidade. Se bem que os ingleses, esses piratas de farda, tentaram. Mas os monstros marinhos do pós-colonialismo, o outro lado “mesmo” da moeda, venceram. E não houve civilização nem barbárie, somente o mar. Impenetravelmente feminino sem ser casto, o esquizofrênico mar nos dava limites. Limites nem por muito tempo aceitos. Então enfrentamos monstros de nós mesmos, o espaço e suas imaginações. Ainda não descobrimos a fonte de tudo. Será que ela se encontra em Cuba de Fidel ou na prisão de Guantánamo? A força dos homens jamais será desperdiçada. Com o nascer do sol, o mito sempre se renovará em outras histórias náufragas de sentido. O coração do pirata se esconderá num baú atômico os nos escombros de um 11 de setembro qualquer, apesar da morte. Um pê escrito a ferro, carne e fogo com as dores do mundo será nossa senha, para sempre nos lembrar que somos piratas. Assim, ao mercosul, nossa desunião será banquete na mesa do inimigo. Entre monstros que somos, alguém nos lembrará de uma canção esquecida e todos intuitivamente cantarão, ate que lhes seja roubada a voz.
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